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sábado, 12 de março de 2011

Divagações

Sábado, nuvens e sol, umidade, calor. O contínuo rumor dos carros que passam pela avenida Ipiranga  compõe a sinfonía cacofônica da cidade, o fundo onde se dão os aconteceres do dia.
Início de tarde, preguiçosa, lânguida como um lagarto ao sol. Lentos, os minutos se esvãem tal qual pingos de água na calçada quente,  desaparecendo no mistério do tempo.
Árvores quietas. Folhas já desbotando em tácito reconhecimento  do outono que avança, resoluto, preparando seu reinado.
Sirenes agourentas trazem uma rápida inquietação, uma consciência da mortalidade, um estremecimento que não dura, pois novos sons martelam nossos tímpanos.
Gritos de torcedores de um time de futebol invadem o ambiente. Vão rumo ao estádio, ao confronto, à luta, na esperança de uma vitória, um troféu a ser posto na estante quase vazia do espírito, sempre ávido e insatisfeito. Um logro, um afago, um pequeno lucro na aposta incerta da vida.
Assim como nossas células têm mais espaço vazio que substância, assim nossas vidas, se comprimidas ao máximo, deixariam um minúsculo resíduo. A vida na terra é curta, pois mesmo que chegasse a cem anos, seria apenas um piscar de olhos na dimensão do universo, um suspiro, um alento, um nada na eternidade.
Mas é sábado, vinte e quatro horas, mil e quatrocentos e quarenta minutos, oitenta e seis mil quatrocentos segundos para ser vividos, que se repetirão amanhã, domingo, e assim por sempre.
A mente, precavida e temerosa, nega a mortalidade e nos apresenta uma interminável conta de trinta e um milhões e quinhentos trinta e seis segundos para viver, isto apenas por um ano, ou três bilhões e cento e cincoenta e três milhões e seiscentos mil,  para os próximos cem anos.  Que maravilha, quanto tempo ao nosso dispor!
Mas nos consta que a mente não compreende nem aceita a eternidade, de aí seu medo.  Então, finjamos que nos engana. E vamos desfrutar o sábado!

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