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quarta-feira, 9 de março de 2011

Livros


O Centésimo em Roma, de Max Mallmann


Publicado no ano passado, tem como protagonista um ambicioso centurião romano, Publius Desiderius Dolens. Depois de anos nos campos de batalha, Dolens volta à cidade romana contando com o favor de um homem poderoso para elevar-se à ordem dos Cavaleiros, mas a mudança da maré política deixa o soldado sem respaldo e ele tem de se contentar com o comando da guarda urbana, um amontoado mal treinado de refugos militares e soldados moloides e indisciplinados. Enquanto testemunha, em rápida sucessão, uma série de quarteladas da vida política pós-Nero que fazem Roma passar por quatro imperadores diferentes durante os anos de 68 e 69 d.C.. Além de viver em tal cenário de instabilidade política, Dolens recebe a missão de desvendar as razões da morte de um influente cidadão romano, que teve a garganta cortada em sua sala de estudo aparentemente tranda por dentro. A reinvenção de um dos motes clássicos da literatura policial, a do crime cometido em um “quarto fechado”, coloca Dolens no rastro de uma conspiração envolvendo a clandestina e subversiva seita dos cristãos e suas próprias raízes familiares. Rocco, 424 páginas.


Morituri te Salutant, de Danila Comastri Montanari


Considero até lógico que um dos países com o maior nicho dos chamados “policiais históricos” seja uma das nações com a história mais rica do planeta: a Itália. Herdeira contemporânea da Roma Antiga, a Itália é hoje uma das principais produtoras de romances históricos sobre o período imperial, desde obras de aventura mais convencionais como A Última Legião, de Valerio Manfredi (adaptada para o cinema), a romances como os desta escritora, professora de história que criou seu próprio investigador policial da Antiguidade. Públio Aurélio, senador romano no ano de 45 d.C., que já havia protagonizado um romance anterior de Danila lançado no Brasil, Cave Canem, se lança à investigação da morte suspeita de um popular gladiador que perece subitamente em plena luta. Para desvendar morte tão insólita, Públio Aurélio mira seus dotes de investigador até mesmo para o imperador Cláudio César, o mesmo que protagoniza a dupla de romances de Robert Graves Eu, Cládius, Imperador, e Claudius, o Deus, e sua Esposa Messalina. A série do investigador Públio Aurélio é sucesso na Itália, e já conta com 16 títulos. Tradução de Joana Angélica D’Ávila Melo. Record, 292 páginas.



O Atiçador de Fogo, de Ben Pastor


Outro romance da recente safra de romances policiais-históricos italianos, curiosamente também escrito por uma mulher, Maria Verbena Volpi, que assina seus romances com o pseudônimo masculino de Ben Pastor. Dos romances aqui abordados, é o que situa sua história no período mais tardio, no ano de 304 d.C., quando o poder romano não está mais nas mãos de um imperador central, e sim dividido nas mãos da chamada “tetraquia”: dois imperadores, Diocleciano no Oriente e Maximiano no Ocidente, e dois jovens preparados para serem seus sucessores, Galério e Constâncio. O protagonista do romance é o emissário Aélio Espartano, enviado em missão a serviço de Diocleciano para Treveris, na província Bélgica Prima, sede do Império (a região fica na atual Alemanha). No caminho, Espartano esbarra em um caso insólito: rumores de que um milagreiro religioso teria ressuscitado um homem dos mortos. Antes que Espartano possa investigar o caso, o “ressuscitado” é morto novamente. É um romance de atmosfera sombria e pesquisa sólida, mas que demora a encontrar seu ritmo devido às descrições minuciosas da narrativa, que muitas vezes parecem estar ali para provar ao leitor que a autora fez sua pesquisa. Aélio Espartano já protagonizou três romances, o primeiro deles também já lançado no Brasil em 2008: O Ladrão de Água. Tradução de Celina Cavalcanti Falk Cook. Record, 332 páginas.

Ah, sim.

Curiosidade número 1: o título original de O Atiçador de Fogo é La Voce del Fuoco, que poderia ser traduzido por A Voz do Fogo. Não saberia dizer se a tradução que ficou para o título procura evita qualquer confusão com outro romance de mesmo nome, de autoria do quadrinista inglês Alan Moore, publicado pela Conrad há uma década, mais ou menos.
Curiosidade número 2: o leitor mais atento captou, esta nota é para os demais. O título algo empolado desta postagem é uma referência ao poema A Roma sepultada en sus ruinas, de Francisco Quevedo, cuja primeira estrofe foi assim traduzida em coletânea de poesia espanhola organizada por Fábio Aristimunho Vargas para a editora Hedra:

Procuras Roma em Roma, ó peregrino,
e achar em Roma a própria Roma falhas;
se agora são cadáveres as muralhas,
é de si mesmo túmulo o Aventino.

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