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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

OS TIRANOS

O déspota, o tirano em geral, é um produto do ressentimento ou da frustração contra o mundo. Quando ele vive na mediocridade é servil, queixoso ou inseguro nos seus atos, remoendo a ira interior e evitando complicações judiciais. Então acumula energia por força de sua contenção compulsória, enquanto os mais extrovertidos dispersam forças e revelam seus atos à luz do dia. Em geral, são invejosos, ciumentos, ambiciosos e facilmente hipócritas, ante a capacidade de esconderem suas verdadeiras intenções sob preceitos morais e sociais da vida em comum. Odeiam facilmente, e, depois de ressentidos, jamais esquecem a menor ofensa. Cada gota de água da hostilidade alheia, eles contabilizam exigindo a indenização de um tonel na hora  oportuna.
Calígula, alcunhado o Botinha, bajulava os fortes, beijava os pés dos poderosos e escondia-se debaixo da cama ante o mais inofensivo trovão; guindado a imperador, praticou as mais espantosas crueldades e vingou-se impiedosamente do todos os que um dia ele cortejara. Cortez era condutor de porcos em sua terra, até se tornar o famigerado assassino dos astecas, ato em que ele vingou-se de todas as humilhações da infância. Hitler era cozinheiro do exército alemão, em 1918, homem ressentido contra os seus hierárquicos, incompreendido na sua pintura paisagista, recusado como canastrão na arte dramática e a fugir dos judeus, que lhe viviam no encalço para a cobrança de prestações atrasadas. Alcançando o máximo poder na Alemanha, Hitler apenas centuplicou e deu vazão a todas as frustrações, desforras, inimizades e despeitos, que havia acumulado na humilhação de sua mocidade medíocre. Vingou-se dos antigos hierárquicos aposentando compulsoriamente ou demitindo militares de boas credenciais; mandou queimar em praça pública obras culturais preciosas, impediu exposições artísticas de pintores modernos tentando mensagem mais sutil e fechou os teatros, que lhe haviam negado a consagração dramática. Sem dúvida, quando ordenou a matança de milhões de judeus nos campos de concentração, provavelmente o fez atendendo à desforra freudiana contra o antigo credor, que insistia nos pagamentos das prestações atrasadas. Humilhado desde a infância pela descendência medíocre, olvidado nas suas tentativas de liderança na juventude e ressentindo-se de sua vivência apagada, sublimou a sua natureza psíquica incapaz e enfermiça, no culto do "super-homem" de Nietzsche.
Mas como o povo "tem o governo que merece", o próprio povo alemão foi o caldo de cultura de Hitler na sua megalomania e rapinagem, nutrindo-lhe as paixões belicosas e orgulho racista; E fortalecendo os objetivos anômalos e enfermiços do "Führer", os alemães ainda apoiaram outros tipos de semelhança psicopata e delírio sadista, como Goering, Himmler, Goebbels, Bormann, Jodl, Kaltenbrunner, Ribbentrop, Heydrich e outros, cuja ação sinistra derramou rios de sangue dos infelizes vencidos.

Juan Buscaglia - Milonga