Filme de um homem só
Filme de um homem que chegou ao limite e que notou que deveria abandonar sua concha.
Nenhum homem é uma ilha. 127 HORAS, de Danny Boyle, deixa isso bem evidente. O filme, extremamente claustófico, mesmo que a céu aberto, critica intensamente o individualismo, na figura do amante de esportes radicais Aron Ralston. Em pouco mais de uma hora e meia, o diretor consegue prender a atenção, mesmo que em 90% em um único cenário, e mesmo que nós já saibamos o término da história.
Que é real e foi vidida por Ralston em 2003, quando ele decidiu passar o final de semana no Grand Canyon Big John, em Utah. Vivendo dentro de seu mundinho, Ralston saiu para a aventura sem avisar ninguém, mesmo que momentos antes sua mãe tenha ligado e ele não tenha atendido a ligação. Já no Grand Canyon, ele encontra duas garotas, passa algumas horas se divertindo com elas e prossegue sua trilha.
Até acabar numa fenda, com a mão direita presa sob uma pedra de duas toneladas. E tendo apenas uma garrafa de água, um canivete sem fio, uma lanterna, uma corda e uma câmera, onde registra aqueles momentos angustiantes. E foram cinco dias naquele buraco. E com todo o tempo do mundo para repensar sua vidinha egoísta e como brincou com ela e seus entes queridos. Até decidir tomar uma decisão radical: amputar o próprio braço para escapar da morte certa.
127 HORAS caminha lentamente para este climax, que certamente é um dos momentos mais nervosos dos últimos tempos. E confesso que caí no choro ao ver o desespero de Ralston - que é vivido magistralmente pro James Franco - revelado no seriado Freaks and Geeks e que viveu Harry Osborn na cinesérie Homem-Aranha. O filme é todo dele, que consegue transmitir um desespero alucinante, principalmente na cena cruciante. Naquele momento, em que corta o braço, é que sentimos a intensidade com que viveu o papel de um homem que chegou ao limite e que notou que deveria abandonar sua concha.
Perdido
Trama que pode envolver, com um Liam Neeson fazendo o que bem sabe
Uma mescla de Jason Bourne (o agente sem memória vivido por Matt Damon na trilogia de sucesso “Identidade, Supremacia e Ultimato”) com pitadas de drama de política e economia global são as marcas de “Desconhecido”. A produção parte de uma premissa intensa e profunda. “Quem ou o que determina quem somos? São os nossos amigos... nossas memórias... nossas origens... um pedaço de papel? Onde está a prova?”. O filme quer explorar a jornada do Dr. Harris, interpretado por Liam Neeson, e de sua esposa loira, sensual e frígida, vivida por January Jones. Ele acorda, quatro dias depois de sofrer um acidente de carro em Berlim, para onde vai com a esposa. A partir daí ele tem que provar que é quem pensa que é. Enquanto corre pelas frias ruas de Berlim tentando retomar o controle de sua vida, Neeson, tenta escapar de uma trama de morte que segue seu rastro. Embora não tenha ideia do porquê.
Dirigido por Jaume Collet-Serra, um realizador espanhol, de 36 anos, que já foi o responsável por filmes como “A Órfã” (2009), “Gol 2: Vivendo o Sonho” (2007) e “A Casa de Cera” (2005), o filme tem roteiro feito a quatro mãos, é uma obra de Oliver Butcher e Stephen Cornwell e está baseado no romance do francês Didier van Cauwelaert. Collet-Serra já revelou que seus filmes favoritos são aqueles suspenses hitchcockianos que têm uma atmosfera misteriosa. Isso desejou fazer com seu novo filme. Em alguns momentos de “Desconhecido” a trama pode surpreender, mas em geral acaba remetendo a produções já vistas e a sensações já tidas. E, mesmo que a surpresa não seja enorme, a resolução pode agradar. Ainda no elenco, destaque para Diane Krueger, Aidan Quinn, Bruno Ganz e Frank Langella. E Berlim, a cidade das filmagens, é coadjuvante de luxo na trama. Sem grandes compromissos.
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